segunda-feira, 12 de novembro de 2012

UM OLHAR PARA A INCLUSÃO COM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL



UM OLHAR PARA A INCLUSÃO COM FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
DESCOVI, Tereza do Carmo Sampaio[1]
 RESUMO: O artigo traz uma análise sobre fundamentos da educação especial em uma visão histórica da deficiência, focando a família como primeira base para o preparo para “o conviver social”; também, enfoca a educação inclusiva como direito da criança e adolescente que estão excluídos por serem portadores de deficiência. Concluindo com a visão ética como contexto para se garantir a educação especial para todo ser humano que dela necessite.
 Palavras-chaves: educação; direito; inclusão.

SUMMARY: The article brings an analysis on foundations of the special education in a historical vision of the deficiency, focando the family as first base for the preparation for “living together social "; also, it focuses the inclusive education as the child's right and adolescent that are excluded for they be deficiency bearers. Ending with the ethical vision as context to guarantee the special education for every human being that needs her. 
 Word-keys: education; right; inclusion.

INTRODUÇÃO
 Nota-se o enfrentamento, do indivíduo, quanto às desigualdades sociais existentes, tais desigualdades que aumentam a carência da criança e do adolescente no Brasil. Carência esta, inclusive, quanto à falta de pai ou de mãe e principalmente que sofre o preconceito por ser um portador de deficiência. Assim, se forma uma sociedade que é resultado de um processo histórico, onde o modelo capitalista faz separações, envolvendo o padrão de vida do indivíduo como forma de camada social. Neste contexto, está à criança ou adolescente que é a maior vítima pelo fato de pouco poder de luta.
Entende-se que é no seio da família que o ser humano pode chegar a completar o complicado processo da socialização, o aprendizado que ele realiza permitirá adquirir os valores de seu grupo e aprender as funções sociais que transferirá as novas situações grupais, pois, não se pode construir uma sociedade mentalmente sã se a família não sente-se preparada para atuar diante da sociedade (VILLARREAL, 1998, p. 32). Assim, a criança ou adolescente vista dentro da camada social existente deve ser amparada pelo Estado, quanto à prioridade às famílias, e desta o que preconiza o ECA[2] em referência às crianças e os adolescentes.
 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL TENDO BASE A “DEFICIÊNCIA”
 Podemos considerar o século XVI como a época em que se iniciou a educação deficientes, antes disso estes eram encaminhados aos asilos, onde permaneciam sem atenção e sobrevivendo às custas da caridade pública. Foi com a Revolução Francesa que surgiu um novo período onde as atitudes filosóficas e antropológicas se conjugaram em uma visão mais humana sobre a pessoa com deficiência.
Em Kirg e Gallagher(1987, p.5 e 6) encontramos uma síntese bastante reveladora a respeito de como eram tratados as pessoas com deficiência na pré-história.
Ao examinarmos a história, verificamos que o conceito geral de se educar a criança até os limites de sua capacidade é relativamente novo. O uso atual do termo excepcional, em si mesmo, um reflexo das mudanças radicais dos pontos de vista da sociedade em relação àqueles que se desviam da norma. Progredimos bastante lentamente, desde a época espartana, quando se matavam os bebês deficientes ou deformados.
Historicamente podem ser reconhecidos quatro estágios de desenvolvimento das atitudes em relação às crianças anteriormente chamadas de excepcionais. Primeiramente, na era pré- cristã, tendia-se a negligenciar e a maltratar os deficientes. Num segundo estágio, com a difusão do cristianismo, passou- se a protegê-los e compadecer-se deles. Período que compreende os séculos XVIII e XIX, foram fundadas instituições para oferecer-lhes um educação à parte. Finalmente, na última parte do século XX, observa-se um movimento que tende a aceitar as pessoas com deficiência e a integrá-las, tanto quanto possível.
Podemos perceber que em épocas passadas as pessoas com deficiência, independentemente de qual fosse à deficiência passaram por diversas dificuldades. Estes eram colocados entre os demais deficientes, recebendo designações pejorativas como coxo, aleijado, e assim por diante.
O período anterior ao advento e desenvolvimento da sociedade moderna é considerado como um longo período de transformações, onde percebeu-se que estas atitudes com os deficientes eram de maus-tratos e piedade. Já na sociedade atual são oferecidas oportunidades educacionais e de integração social as pessoas com deficiência.
Podemos considerar que somente nos dias de hoje, as pessoas com deficiência estão tendo oportunidades de ocupar uma posição na sociedade, fazendo cumprir os direitos historicamente conquistados.
É importante considerar que uma definição se faz necessário, em nível geral, sobre a palavra “deficiência”. Se esta definição for de uma consulta em um dicionário pode-se entender como sendo “falta, defeito, falha”; e para melhor esclarecer pode-se acrescentar que com referência a palavra “deficiente” se encontra “falho, incompleto” (AURÉLIO, 2000), o que nos leva a concluir que deficiente é aquele que tem uma falha, um defeito no corpo, na mente ou no organismo.
No Brasil considera-se uma pessoa com deficiência aquela que se enquadra nas categorias de deficiências físicas, auditiva, visual, mental e múltipla, conforme apresentado no Decreto nº. 3298 de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL, 2001).
Segundo Sassaki (1997, p. 27), em âmbito geral pode se dizer que a “pessoa com deficiência” é a que apresenta significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais em comparação às outras; que apresenta caráter permanente e que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social, decorrentes de fatores inatos e/ou adquiridos.
De acordo com o autor Marcondes (1992, p. 28) pode-se ver a deficiência como sendo falta e deficiente é como aquele que tem uma falha, incompleto, imperfeito, onde se pode concluir que deficiente é aquele que possui uma falha, um defeito no corpo, na mente ou no organismo de uma pessoa. Coloca-nos ainda que a deficiência no sentido mais genérico, não só do seu portador é considerada no sentido maior, engloba não só o que o indivíduo traz de desvantagens, como o que a sociedade traz em si mesmo, em incompetência.
Logo, entende-se que deficiência diz respeito às seqüelas resultantes de um impedimento que venha restringir a execução de uma ou mais atividades consideradas normais às pessoas, o que pode gerar a “incapacidade” que acontece quando, em virtude de uma deficiência, a pessoa se torna impossibilitada de viver integrada ao seu meio considerando a idade, sexo, fatores sociais e culturais.
Outro problema que se pode levantar a respeito destas conceituações é que num país subdesenvolvido a deficiência, no seu sentido mais amplo, se confunde em muito com incapacidade, devido às condições encontradas pelos deficientes na sua tentativa de se integrar ao meio. Isto posto, pode se afirmar, que uma deficiência é antes de qualquer definição, genérica ou específica, um drama para quem, por ventura, venha a ser portador ou mesmo para seus familiares e amigos, pois, por mínima que seja ela impedira alguma atividade considerada corriqueira para qualquer pessoa (MOURA, 1992, p. 02).
Vale ressaltar que os diversos tipos de deficiência só se tornam de fato um problema quando não tratados com eficiência, e que uma condição de aparente normalidade pode se tornar uma deficiência, se o individuo sentir-se incapaz de realizar as coriqueiras atividades durante o seu dia-a-dia.
Surkhein (2001, p. 19), nos ensina que “O ser humano é um ser gregário e apegado por natureza, isto é, vive em grupo familiar, profissional e outros”, assim, faz da visão do grupo a que pertence sua baliza de atuação e é ela que determina suas ações e reações. É a visão de grupo sobre sua pessoa que determina a formação de sua auto-imagem, com a qual irá atuar no cenário da vida, de acordo com os papéis sociais.
No entanto, nas famílias hoje, como se pode notar cada vez mais, há a preocupação dos pais com o bem estar de seus filhos, considerando essa família como primeiro grupo social, e por onde serão desenvolvidos todos os meios de construção de sua identidade pessoal e social, o que vem formando-se no que diz respeito à criação dos filhos, com mais confiança, respeito e autonomia.
Enfatiza Massini (2002, p. 46) que “a sociedade tem uma enorme responsabilidade na interação das pessoas deficientes, podendo facilitar ou dificultar o processo social e educacional”. Assim, os aspectos da sociedade e da família atuando em conjunto na formação desses indivíduos, trazem grande influência para seu desenvolvimento, podendo ser válido ou não, isto dependendo de como são tratadas as pessoas com deficiência.
Segundo a CNBB[3] (2005, p. 43), “quando nasce um filho com deficiência, ou por qualquer circunstância um filho se torna deficiente, os pais se sentem socialmente desvalorizados e marginalizados.” A partir daí, são gerados vários questionamentos, a exemplo de como proceder com aquele filho e como criá-lo. Muitas são as interrogações que vagam pela mente dos pais, deixando-os confusos e sem direção aparente.
Assim, Parolin (2003, p. 15) afirma que “Ninguém nasce pai ou mãe. Aprende-se a ser pai e mãe, com nossos exemplos sociais e com cada filho e em cada situação”. É nesse formar e ser formado que os pais vão adquirindo conhecimentos específicos para a criação dos seus filhos. Segundo Silva (2006, p. 25) “Na realidade alguns pais não estão preparados para serem pais de filhos normais, e muito menos de filhos com alguma deficiência”.
Ao se pensar em família atualmente, podemos considerar que diversas mudanças ocorreram em nossa sociedade, pois houve a construção de novas relações humanas e a forma como as pessoas estão cuidando de seus familiares. Percebemos então que os papéis da família não podem ser vistos isoladamente. As mudanças que ocorrem no mundo afetam a família como um todo e de forma particular cada família, conforme sua composição histórica e grupo social.

CONCLUSÃO
 Precisa-se fomentar o exercício da ética dentro da nossa sociedade; buscar caminhos para solucionar os problemas existentes nesta sociedade; deixar de lado preconceitos velados há tantos anos; construir uma sociedade verdadeiramente democrática, na qual todos são iguais em direitos e deveres; desfazer a discriminação e a exclusão social com a valorização do “ser humano”. Logo, se vê a necessidade de atitudes como o valor a todos, independentemente, da condição em que se encontra; compartilhar amor; adotar práticas de solidariedade e justiça; desenvolver consciência de que mudanças são necessárias e urgentes; construir um futuro de esperança seja, em qualquer fase da vida, inclusive, quando “criança abandonada”.
É urgente pensar em nossa felicidade, enquanto sociedade! Assim, adotar atitudes de repúdio ao “abandono social do respeito pelo próximo” em que vivemos se faz necessário. Talvez, pelo fato de se ter a visão do simples, onde se enxerga o complicado, seja um início de caminho. É preciso, simultaneamente um trabalho de conscientização sobre a importância da aceitação do portador de deficiência como ser que tem todos os direitos reservados como qualquer outro cidadão em um entendimento de que as dificuldades que ocorrem são inúmeras, porém que não são invencíveis .
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 AMARAL, Lígia Assumpção. Conhecendo a deficiência. São Paulo: SP, 1995.
 Constituição Federativa do Brasil. Brasília: DF, 1988.
MOURA, Luís Celso Marcondes. A deficiência nossa de cada dia. São Paulo, 1992.
 MURAHOUSCHI J. Pediatria: diagnóstico mais tratamento. 6ª ed. São Paulo (SP): Sarvier; 2003.
 POCHEMANN, Márcio. Sistema Único de Inclusão Social. São Paulo: SP, 2006.
 TUNES, Elizabeth. Cadê a Síndrome de Down que estava aqui? O gato comeu. São Paulo, 2001.
www.padariamoderna.com.br/revistas/ Páginas Semelhantes - acessado em 11 de agosto de 2009, às 16:00h.

[1]Formada em Pedagogia e Pós-Graduada em Psicopedagogia.
[2] Estatuto da Criança e do Adolescente.
[3] Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

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