AVALIAÇÃO NA ENSINAGEM E APRENDIZAGEM DE JOVENS E ADULTOS: EM FOCO O ATO DE LER E ESCREVER
NEVES, Maria Júlia#
Neste Artigo se pretende evidenciar que existe um caminho, de uma alfabetização consciente, sem traumas e, de que ler e escrever, a partir do princípio construtivista, pode ser um caminho sem segredos para muitos educadores. Assim, o objetivo deste Artigo é destacar a idéia construtivista diante da leitura e da escrita, em uma visão sem preconceitos, para que se tenha mais uma alternativa a ser seguida diante do trabalhado dos educadores que atuam na Modalidade EJA.
Segundo Freire (1997) o bom professor é aquele que se coloca junto com o educando e procura superar com o educando o seu não saber e as suas dificuldades, com uma relação de trocas onde ambas as partes aprendem, assim, há uma grande preocupação com os processos de ensino e de aprendizagem por que passam as pessoas que frequentam a EJA, por exemplo, pois estão elas afastadas da realidade escolar, no entanto são pessoas que trazem conhecimentos que não podem ser desconsiderados nos bancos escolares. Há de ser considerado que a construção do aprendizado em alfabetização se faz melhor por meio de uma contextualização da leitura e da escrita porque desta maneira se considera a realidade do educando como forma acumulativa da aprendizagem, assim, não desprezando o que o educando da EJA traz consigo no que se refere ao conhecimento.
Segundo Rego (1980, p. 76) “a prática pedagógica na alfabetização vem sofrendo influência sobre o tema construtivista”. Valoriza o que os educandos conhecem ou o chamado conhecimento prévio, o que a criança traz de casa, assim, os conhecimentos são aproveitados para o uso da alfabetização. Neste sentido, trabalhar e avaliar na EJA é um tanto quanto desafiador, pois envolve questões importantes aspectos como o social, o político e o educacional. É uma atividade complexa devido à evidência da grande heterogeneidade presente nessa modalidade de ensino, pois quem cursa esta modalidade são pessoas acima de quinze anos, estas, muitas vezes, excluídas da escola na infância, neste sentido, o contexto da EJA se dá por membros de diversos grupos culturais. Desta forma, a escola voltada à Educação de Jovens e Adultos é, ao mesmo tempo, um local de confronto de culturas e um local de encontro de singularidades.
Portanto, se faz importante entender o processo de aquisição da escrita pelos jovens e adultos sob diferentes pontos de vista, como o ponto de vista mais comum, onde a escrita é imutável e deve se seguir o modelo "correto" do adulto já escolarizado e, o ponto de vista do trabalho de Emília Ferreiro, por exemplo, “onde a escrita é um objeto de conhecimento, levando em conta as tentativas individuais e, o ponto de vista da interação, o aspecto social da escrita, onde a alfabetização é um processo discursivo”. Cabe a nós pedagogos pensar nesses pontos de vista e construir o nosso (FERREIRO p.13, 1985).
Entende-se que a aprendizagem do jovem e do adulto deve ter sentido, ser um processo interativo e a escola tem que trabalhar com o contexto destes educandos, com histórias e com intervenções dos próprios envolvidos neste processo que podem aglutinar palavras, desde que essas palavras ou histórias façam algum sentido para eles em um paralelo co a realidade em que vivem. Os ‘erros’ dos educandos podem ser trabalhados, ao contrário do que a maioria dos educadores pensa, pois esses ‘erros’ demonstram uma construção e com o tempo vão diminuindo.
Sabe-se que o professor precisa criar em sala de aula um ambiente de aprendizagem, por sua vez não deixando de lado a realidade em que os educandos estão inseridos, deixando assim, sentirem-se com liberdade tendo no professor a confiança como um mediador, um facilitador da aprendizagem, como uma referência para o início de uma caminhada escolar que venha culminar com a caminhada social que todos já têm.
Ressalta-se que a organização do conhecimento deve ter foco na temática a ser desenvolvida levando em consideração a relação entre conceitos cotidianos e conceitos científicos. É necessário que haja espaço para momentos de diálogo entre alunos e também entre alunos e professores para discutirem as atividades e as situações de experiências vividas e a serem vividas. É preciso que se montem estratégias que possibilite a utilização do conhecimento até então adquirido pelos alunos, permitindo que os mesmos superem os seus fracassos anteriores.
Segundo Luckesi (2005):
A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica do percurso de uma ação, seja ela curta, seja prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. (...) A avaliação será, então, um sistema de crítica do próprio projeto que elaboramos e estamos desejando levar adiante. (...) um ato de cuidado, pelo qual todos verificam como estão criando seu bebê e como podem trabalhar para que ele cresça (LUCKESI, 2005, 16).
É importante destacar que, mediante a prática pedagógica que não é mais a mesma desde o momento em que o professor está respaldado por um referencial teórico que tem no educando um parceiro do próprio conhecimento, a aprendizagem flui de forma natural e prazerosa. Assim, visualiza-se outro caminho, o caminho de uma prática diferenciada, onde o educando é um sujeito ativo e que enquanto professor se tem que considerar este contexto, incentivando e oportunizando o ler e o escrever contextualizado com a vida do educando, principalmente, em se tratando de educandos da EJA. Pois, acredita-se que seja dessa forma o melhor método de trabalho e forma de avaliação no que se refere à aprendizagem tanto na EJA como em qualquer outra modalidade de ensino.
Desta forma, é importante saber que a prática docente é a que dirige efetivamente caminhos a serem seguidos pelos educandos da EJA, principalmente, quanto aos atos de ler e de escrever, assim, o professor deverá mediar à aprendizagem e desta ação criar outra que é a de facilitar o avanço do educando, no sentido de contribuir para o enriquecimento destas duas fases importantes para qualquer educando possa ler e escrever com entendimento em uma avaliação diagnóstica e prognóstica.
REFERÊNCIA SBIBLIOGRÁFICAS
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. 9 ed. São Paulo: Cortez, 1985.
Freire, Paulo Régis Neves. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. Cortez Editora, São Paulo, 2005, 21ª reimpressão, 183 páginas.O livro foi escrito para compor a Coleção Magistério do 2º Grau, da Cortez Editora
REGO, Lúcia Lins Browne. A alfabetização numa perspectiva construtivista. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1993.
ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara F. Ler não é decifrar, escrever não é copiar. Publicado em 20/07/2004. Site: http://www.psicopedagogiabrasil.com.br/biografia_emiliaferreiro.htm acesso em 08 de junho de 2008.
[1]Professora do Ensino Fundamental – anos iniciais – Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Pscopedagogia com foco em sala de aula.
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